Lula: Cúpula da Amazônia é a coisa mais forte já feita em defesa da questão do clima

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A história da defesa da Amazônia, da defesa da floresta, da questão da transição ecológica, vai ter dois momentos: antes e depois desse encontro. Porque esse encontro é a coisa mais forte já feita em defesa da questão do clima”. A frase, dita no início da manhã desta terça-feira (8/8) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante o programa Conversa com o Presidente, resume como o Governo Federal enxerga a relevância da Cúpula da Amazônia, em Belém (PA), que segue até esta quarta-feira (9/8).

O evento reúne representantes de todos os países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) – Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela –, além de convidados de Congo, República Democrática do Congo, Indonésia, São Vicente e Granadinas, França, Alemanha e Noruega e representantes de instituições e bancos de fomento.

Ao longo do programa semanal, o presidente Lula conversou com o jornalista Marcos Uchôa sobre diversos temas relativos à Cúpula da Amazônia e ao meio ambiente e adiantou que a ideia do encontro em Belém é que a iniciativa brasileira possa resultar em uma posição unificada a ser levada a fóruns internacionais e que seja capaz de apresentar um novo paradigma nas ações de proteção ao bioma.

OBJETIVO DA CÚPULA DA AMAZÔNIA – A ideia é a gente sair daqui preparado para, de forma unificada, todos os países que têm floresta, ter uma posição comum nos Emirados Árabes na COP-28 e a gente mudar a discussão. E quando for 2025 (na COP-30), todas essas pessoas que defendem a Amazônia, que falam da Amazônia, mas que não sabem o que é a Amazônia, terão o direito, o prazer, de ver de perto o que é isso que tanto encanta o mundo. Esse encontro começou antes. Por aqui passaram mais de 27 mil pessoas discutindo a questão do clima nos Diálogos Amazônicos. A questão do desenvolvimento sustentável, a questão indígena, a questão da terra. Esse encontro, na verdade, é um marco. A história da defesa da Amazônia, da defesa da floresta, da transição ecológica, vai ter dois momentos: antes e depois desse encontro. Porque esse encontro é a coisa mais forte já feita em defesa da questão do clima.

OLHAR DE OPORTUNIDADES – Na Amazônia têm muita gente pobre. Muita gente que vive de pesca, de caça, de trabalho manual, artesanal. Tem muita gente que vive colhendo castanha. É preciso levar a essas pessoas oportunidade de estudar, de ter acesso à educação, ter acesso ao lazer, a uma boa qualidade de saúde.

FISCALIZAÇÃO E PUNIÇÃO – Não é possível alguém imaginar que é possível fazer garimpo perto do Rio Tapajós, de que é possível poluir aquela água, de que é possível jogar mercúrio. As pessoas têm que saber que é proibido fazer isso. A árvore em pé, os rios limpos, são uma necessidade da população que mora nessa região, e da população que mora a milhares de quilômetros de distância. Nós temos o direito de cuidar, preservar, compartilhar com os outros, e não podemos permitir que haja destruição. É por isso que vamos ter mais Polícia Federal, vamos ter mais Forças Armadas cuidando das nossas fronteiras, combatendo o narcotráfico, combatendo o garimpo ilegal, combatendo os madeireiros ilegais.

QUESTÃO AMBIENTAL NO CURRÍCULO ESCOLAR – A questão ambiental não é mais uma questão que é discutida na universidade, por intelectuais, por especialistas. A questão ambiental está dentro da casa das pessoas. Estou defendendo que o ministro da educação coloque no currículo escolar a questão do debate sobre o clima. Temos que ter aulas para as crianças sobre a questão do clima. O significado de as pessoas cuidarem das coisas, de fazer coleta seletiva de lixo. Se você não colocar na escola, você não cria uma geração de pessoas preparadas para educar os mais velhos. A questão do clima hoje não é mais uma coisa trivial. A questão do clima é uma coisa muito séria. Nós vamos ter que trabalhar com muito mais força, mais carinho, mais esforço para que a sociedade aprenda a se cuidar. Não temos o direito de continuarmos a ser o único animal da Terra a destruir o seu lugar.

PESQUISA COMPARTILHADA – Se a Amazônia é importante para questão da água, para a questão do ar, para a questão de descarbonização do planeta Terra, temos que utilizar a Amazônia para isso. Embora o Brasil seja soberano, o Brasil precisa compartilhar do ponto de vista da ciência com o mundo, que queira estudar, investir, para que a gente possa cuidar da Amazônia gerando emprego, oportunidade. Eu não trabalho com a ideia de a Amazônia ser um santuário. Eu quero que a Amazônia seja um lugar em que o mundo tire proveito para experimentar a riqueza da nossa biodiversidade, para a gente saber o que a gente pode fazer a partir dessa riqueza da biodiversidade. Cientistas do mundo inteiro serão convidados a participar, mas precisamos primeiro valorizar os cientistas brasileiros, os institutos que já cuidam disso aqui no Brasil e que muitas vezes não têm nem dinheiro para fazer as pesquisas corretas. A partir desse encontro as coisas vão mudar”.

EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL – É a primeira vez que se reúnem os oito presidentes dos países amazônicos, mais dois países africanos e um país asiático, que é a Indonésia. E a gente pode juntar mais gente para essa discussão. Na medida em que o mundo desenvolvido, que já destruiu a sua floresta, valoriza a nossa floresta, nós precisamos cobrar. Cobrar deles recursos para que haja investimento e cobrar a participação científica deles. Não sabemos o que a gente pode utilizar na indústria de fármaco aqui na Floresta Amazônica. A gente não tem noção do que a gente pode utilizar na indústria de cosméticos. Na palavra desenvolvimento temos que colocar a palavra sustentável. Você tem que mostrar à humanidade que preservar a árvore, a floresta, a água, é uma necessidade de sobrevivência humana. Não é radicalismo, não é imbecilidade, não é uma coisa menor de alguém que está inventando essa história. É pura realidade.

COP-30 NA AMAZÔNIA – Eu acho que vai ser a COP mais importante da história. A mais motivadora e aquela que vai ficar marcada para sempre na cabeça das pessoas. Eu fui à COP-27 no Egito. É muito bonito, é maravilhoso, as pessoas tratam a gente bem, mas você não tem o contato que você vai ter direto. O cara vai ver o Rio Amazonas. O Rio Tapajós. Ver como é que vive o povo, porque Belém é uma cidade que tem necessidade de muito saneamento básico. E nós, do Governo Federal, queremos contribuir para que a gente dê ao povo que mora em Belém o mínimo de direito de cidadania. Eu quero que o mundo veja. A gente não vai esconder as casas. Nós queremos que o mundo veja como é que a gente vive, como é que é a Amazônia. Como vive o povo. O que queremos é que daqui saia uma grande decisão e é por isso que o Brasil tem exigido uma nova governança mundial. Porque se você tirar uma decisão aqui em Belém sobre a questão do clima e não houver uma decisão de cumprimento, volta para o Estado Nacional e os congressos nem sempre aprovam. E aí as coisas não funcionam. Então, precisamos ter uma governança global. O que queremos é que pelo menos na questão climática haja uma governança que quando a gente decidir seja lei para os países cumprirem.

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