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Três artistas indígenas do povo Mura, Tuniel Yauaretê, Maira Bello e Lino Mura, marcam presença na “2ª Mostra de Arte Indígena de Manaus – Minha Cultura”, da Prefeitura de Manaus, com pinturas, acessórios e roupas que expressam a natureza, além de grafismo e acessórios do povo navegador. A nova edição da exposição acontece até o dia 31/10, das 9h às 16h, no Palácio Rio Branco, na avenida 7 de Setembro, praça Dom Pedro II, no centro histórico.

O presidente do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), Tenório Telles, avalia que a mostra indígena foi uma das mais importantes e icônicas realizações da gestão cultural do prefeito David Almeida.

“Um traço cultural importante da nossa cidade é a sua identidade e ancestralidade indígenas, perceptíveis na linguagem, no imaginário regional, na culinária e na nossa constituição física e social. Valorizar as produções artísticas dessas populações indígenas que vivem em Manaus é uma forma de promover o reconhecimento e principalmente construir vínculos e acolhimento entre os agrupamentos humanos de nossa cidade”.

Trio Mura

Morador da aldeia Murutinga, no município Autazes, vizinho a Manaus, Tuniel Yauaretê, que depois da experiência, na 1ª Mostra de Arte Indígena, no ano passado, viu muitas portas se abrirem. Ele usou na primeira vez pincéis e tela de tecido, agora o artista visual apresenta suas novas obras, que retratam seu processo evolutivo na técnica e nos traços nesse novo trabalho, inspirado na ancestralidade e na história cultural do povo Mura.

“As duas telas têm como temas as cantigas da minha aldeia, retratadas na imagem do meu avô que é pajé e compositor das músicas que falam a respeito de animais e suas histórias. Eu comecei minha vida artística com pintura em roupas, e assim me lancei na moda indígena pintando arte indígena em tecido. Além dos quadros, utilizo a arte indígena de vários modos e diferentes maneiras”, relata.

Maira Bello

Nascida e criada em aldeias do povo Mura, nas comunidades Jauari e Murutinga, no município de Autazes, a artista visual e estilista Maira Bello Mura, estreia na 2ª Mostra de Arte Indígena.

“O desafio de participar da mostra foi um dos maiores que enfrentei, porque nunca havia pintado em tela e, sim, em roupas e na pele, mas foi muito incrível o resultado”, relata Bello.

Ela conta a história de seu povo e usa tintas para tecido na tela e os grafismos representando a aldeia nos vestidos. As duas telas têm a representação da origem do povo Mura, conhecidos como povo Navegante.

Ela fez a leitura da segunda tela, que contém toda a representação da aldeia Mura, com suas malocas circundando os símbolos de luta, sangue derramado, as urnas funerárias e o símbolo do infinito, porque a luta nunca acaba desde os ancestrais até as gerações futuras.

“A primeira tela são dois remos invertidos com as bordas em trançado de cestaria verde e vinho cor do crajiru, circundados por flechas que representam as lutas para conquistar os territórios hoje ocupados”, explicou.

A artista mudou-se para Manaus em 2002, e é moradora do bairro indígena Parque das Tribos, no Tarumã, zona Oeste. A moda entrou em sua vida desde a infância quando criava e costurava os modelos de roupas para suas bonecas, muito influenciada pela sua avó que era rendeira de bilros, e fazia roupas para a irmã, costurando com sua mãe, na máquina de costura manual.

Lino Mura

Morador da aldeia indígena Josefa, em Autazes, Lino Mura, teve como professora sua mãe, a vendo fazer o artesanato e o cocar do povo mura de tala de buriti e cordão de juta.

“Sou professor efetivo pelo estado e contratado pelo município nos turnos matutino e noturno. Moro na aldeia e vendo minha criação para os parentes e a outros, por encomenda”, explica.

Lino já participou de uma exposição na feira agropecuária deste ano.
Pela primeira vez participando da mostra indígena ele se diz honrado.

“Muito honrado e feliz em poder representar o meu povo mura de Autazes”.

Texto e foto – Cristóvão Nonato / Concultura

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