Estudo recebe apoio do Governo do Estado, por meio do Programa Prodoc/Fapeam
A investigação da variedade de moléculas presentes nos diferentes rios amazônicos e como elas são afetadas por diferentes fatores, incluindo a temperatura e a concentração de dióxido de carbono no ambiente, são os objetivos principais da pesquisa “Cenários de Mudanças Climáticas na Amazônia: Uma Investigação Molecular”. O estudo, apoiado pelo Governo do Estado, foi vencedor do prêmio L’Oréal Para Mulheres na Ciência na categoria Ciências Químicas, no Rio de Janeiro.
A pesquisa, que recebe apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa de Apoio à Formação e Qualificação de Doutores (Prodoc/Fapeam), pode contribuir para o entendimento de como os rios da Amazônia serão afetados, ao longo dos anos, pelas mudanças climáticas.
A coordenadora do projeto, Giovana Anceski Bataglion, pesquisadora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), explica que as mudanças climáticas representam um dos principais problemas socioambientais da atualidade, com impactos negativos para a sociedade na economia, na saúde, na alimentação, no meio ambiente e nas desigualdades sociais.
De acordo com a cientista, para que seja realizado o entendimento de como os rios amazônicos serão afetados pelas alterações climáticas, foram coletadas amostras de água dos rios Negro, em Manaus; Solimões, em Itacoatiara (a 176 quilômetros da capital); e Tapajós, em Santarém (PA).
As amostras são expostas em salas com diferentes temperaturas e concentrações de CO2, de acordo com os cenários de mudanças climáticas projetados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês para Intergovernmental Panel on Climate Change). Durante o período de exposição, análises químicas são realizadas a fim de acompanhar a mudança da composição em nível molecular.
Base para políticas públicas
Giovana Anceski observa ainda que a formulação de políticas públicas sobre as alterações climáticas se baseia nos relatórios do IPCC, elaborados a partir de dados gerados em pesquisas científicas como o projeto que está sendo desenvolvido com o apoio da Fapeam.
A coordenadora da pesquisa relata que a escassez de informações sobre os efeitos do aumento de temperatura e da concentração de CO2 no ambiente aquático foi um dos motivos que a levou a realizar o estudo.
O estudo está sendo realizado no laboratório do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) e conta com a estrutura do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) para Estudos das Adaptações da Biota Aquática da Amazônia, coordenado pelo pesquisador Adalberto Luis Val.
Premiação
A pesquisa rendeu a Giovana Anceski Bataglion o prêmio L’Oréal Para Mulheres na Ciência na categoria Ciências Químicas. A premiação é uma parceria da L’Oréal com a Unesco e a Academia Brasileira de Ciências, com o objetivo de premiar e reconhecer sete jovens doutoras brasileiras com projetos científicos de alto mérito.
A entrega da homenagem foi realizada na sede da L’Oréal Brasil, no último dia 30 de novembro, no Rio de Janeiro.
Giovana Anceski ressalta que a mulher cientista ainda enfrenta muitos desafios para alavancar a carreira e ocupar posições de destaque e liderança no meio acadêmico-científico.
Além do prêmio, Giovana Anceski já recebeu outras honrarias relacionadas à sua área de atuação, entre elas a de ter sido eleita membro afiliada da Academia Brasileira de Ciências (ABC) para o período 2022-2026.